Em setembro do ano passado, a descoberta do cometa C/2012 S1,
conhecido como ISON, provocou entusiasmo nos amantes da astronomia:
previsto para passar pela Terra no final de 2013, ele poderia ser o
cometa mais brilhante já registrado – e brilhar mais até do que a Lua
cheia. Porém, novos estudos indicam que tais previsões não devem se
concretizar. Além de não atingir o brilho esperado, o cometa pode se
desintegrar em sua passagem pelo Sol.
Ignacio Ferrin, astrônomo e especialista em cometas da Universidade
de Antioquia, na Colômbia, utilizou as ferramentas de observação mais
recentes para estudar o ISON, e encontrou nele um “comportamento
peculiar”. Segundo Ferrin, o brilho do cometa se tornou constante em
janeiro deste ano, e desde então não apresenta sinais de aumento,
tornando muito improvável que ele atinja os níveis esperados de brilho.
O motivo desse comportamento inesperado pode ser falta de água no
cometa ou a presença de uma camada de rochas ou poeira impedindo a
sublimação (passagem do estado sólido para o gasoso) da matéria para o
espaço. Acredita-se que o futuro do ISON seja semelhante ao do cometa
C/2002 O4 Hönig que, em 2002, ficou 52 dias com o brilho estável e então
se desintegrou sem deixar resíduos. O ISON já está com o brilho estável
há 132 dias, mas os astrônomos não têm como saber seu status atual,
pois ele entrou em uma região onde não pode ser observado, devido ao
brilho do Sol.
Obstáculos – Mesmo que o ISON sobreviva a isso, ele
terá mais desafios a sua frente. O cometa deve atingir seu periélio
(ponto da órbita que mais se aproxima do Sol) em uma região na qual os
astrônomos estimam uma temperatura de 2.700 graus célsius – o suficiente
para derreter ferro e chumbo. Além disso, ele vai ultrapassar o limite
de Roche (distância mínima do centro de um planeta ou outro corpo
celeste que um satélite pode chegar sem se tornar instável), o que
significa se submeter a forças gravitacionais do Sol que podem
despedaçá-lo. Para os especialistas, a combinação de alta temperatura,
radiação e as forças gravitacionais pode fazer com que o cometa não
sobreviva a seu encontro com o Sol.
O ISON poderá ser observado novamente pelos especialistas entre os
dias sete de outubro e quatro de novembro, mas, mesmo assim, os
especialistas afirmam que pode ser difícil determinar o que ocorreu com o
cometa.
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