Carolus Linnaeus,
em português Carlos Lineu,
nascido Kronoberg, 23 de maio de 1707 — morte em Uppsala, 10 de janeiro de 1778)
foi um botânico, zoólogo e médico sueco, criador da nomenclatura binomial e da
classificação científica,
sendo assim considerado o "pai da taxonomia moderna". Foi um dos fundadores da Academia Real
das Ciências da Suécia. Lineu participou também no desenvolvimento
da escala Celsius (então chamada centígrada) de temperatura, invertendo a escala que Anders Celsius havia proposto, passando o valor de 0° para o ponto de fusão da água e 100° para o ponto de ebulição
.Era considerado o
botânico mais conhecido de seu tempo, reconhecido por grande nomes como
Jean-Jacques Rousseau e Wolfgang von Goethe. É um dos mais conhecidos na história das ciências naturais da Suécia e do mundo.
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Carolus Linnaeus |
Em sua família, era o filho mais velho no grupo de cinco irmãos. Seu pais era
vigário, foi criado para seguir os passos do pai, mas Linnaeus não demonstrava
interesse pelos afazeres da igreja, despertando desde cedo curiosidade pelas
plantas. Nos seus estudos escolares, não conseguiu aprovação para estudar na
escola religiosa, mas o seu talento pela Botânica chamou a atenção de
Johan Rothman, médico da cidade, que o ajudou a conseguir estudar na escola
de Medicina da Universidade de Lund. Na cidade de Lund foi acolhido na casa do
médico Kilian Stobaeus.
Um ano depois, se transferiu para a Universidade de
Uppsala, onde obteve ajuda financeira do clérigo Olof Celsius, tio de Anders Celsius.
Viveu sete anos em Uppsala. Em 1732, recebeu da Academia de Ciências de Uppsala
recursos para realizar expedição de exploração à Lapônia, na época, desconhecida. Também viajou à Dalarna. Os
objetivos da viagem eram sempre científicos.
Buscou a formação de doutor nos Países Baixos, para onde se mudou em 1735. Em 1738, retornou à
Suécia, onde atuou como médico. Foi nomeado professor em Uppsala em 1741.
Faleceria após sofrer dois acidentes vasculares cerebral,
um em 1774 e outro em 1775, no segundo teve o lado direito do corpo
inutilizado.
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Sepultura de Lineu e do seu filho Carolus Linnaeus na catedral de Uppsala. |
Lineu escreveu as suas principais obras científicas
em latim, mas os seus diários de viagem e cartas em sueco são considerados os seus melhores trabalhos do ponto de
vista literário. Entre estes encontram-se os relatórios das viagens a
Öland e Gotland (Öländska och Gothländska resor, 1745),
a Västergötland (Wästgöta Resa, 1747)
e à Escânia (Skånska resa, 1751).
Lineu enviou estudantes seus a diversos locais no mundo, incluindo as Índias Orientais, China,
Japão e Ártico; os jovens enviaram descrições de
espécies animais e vegetais, além de amostras de espécimens, de volta. Alguns desses enviados não voltaram,
tendo falecido de doenças ou em assaltos em zonas
problemáticas, e sofrido problemas mentais e físicos que impossibilitaram o seu
regresso à Suécia. No entanto, muitos dos relatórios chegaram a Lineu e
este construíu e expandiu as suas principais obras científicas também com base
nesses relatos.
No total, Lineu escreveu mais de setenta livros e
trezentos artigos científicos. Algumas das suas obras científicas mais relevantes
são:
- Systema naturae (1735)
- Fundamenta botanica (1736)
- Flora lapponica (1737)
- Genera plantarum (1735-1737)
- Hortus Cliffortianus (1737)
- Flora Suecica (1745)
- Fauna Suecica (1746)
- Philosophia botanica (1751)
- Species plantarum (1753)
- Clavis medicinae duplex (1766)
- Mundus invisibilis (1767)
Capa de Systema naturæ (1758), a obra em que Lineu delineou a classificação das espécies de animais.
Lineu concebeu a ideia de divisio et denominatio,
"divisão e denominação", como forma de organizar os organismos vivos,
algo que transparece na sua obra Systema naturae, considerado o ponto de partida da moderna
nomenclatura binomial. Para as plantas, Lineu utilizou as características
sexuais recentemente descobertas nestas. Os animais e minerais, os outros dois reinos do sistema
"animal-vegetal-mineral" idealizado por Lineu, foram organizados pela
sua aparência externa.
Orientou teses de estudantes na Universidade de
Uppsala, supervisionando (e escrevendo grande parte de) 186 dissertações.
Lineu escreveu ainda quatro autobiografias,
encaradas nessa época mais como curricula vitae do que como veículo de auto-elogio. O estilo descritivo poético de Lineu, em particular nos relatos das suas viagens,
influenciou a literatura sueca do século XVIII, tendo este tipo de obra sido predominante na
Suécia em particular na segunda metade do século. Os relatos das suas viagens são, por esta razão, os
livros mais populares de Lineu na Suécia. Lineu empregou termos como "nicho" e "equilíbrio entre espécies" e
descreveu a Natureza como "recheada de maravilhas e segredos",
mostrando uma preocupação ecológica com alguns contornos modernos.
É ainda o cientista da área das ciências naturais mais
famoso da Suécia e a sua figura pode ser encontrada nas actuais notas suecas
de cem kronor.
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